sexta-feira, 2 de março de 2018

A idade da razão


Esse título não se refere ao homônimo livro de Sartre. É um mini texto de aniversário mesmo.

Desconfio de aniversários, efemérides momentosas, congratulações emotivas e coisas do tipo. Não costumo comemorar. Na verdade, nunca fiz uma festa de aniversário. Gosto mesmo do dia a dia, da construção cotidiana e do labor recorrente que nos faz quem somos.

Acredito, no entanto, na força dos anos que passam e nos moldam. E como passam voando esses anos, né? Cheguei aos 33 de maneira surpreendentemente rápida. Olho pra trás e não parece que se passaram três décadas mais três anos. Eis, pois, a célebre idade de Cristo. Pra mim, a idade da razão e da libertação - quando se desvencilha das últimas amarras passionais.

Só os anos que passam são capazes de fazer com que você revisite sua vida, corrija suas posturas, livre-se das amarras da existência, dos mitos sociais, das paixões ludibriantes, das pessoas pesadas, das ignorâncias a nós impostas, dos encaixotamentos conceituais a que somos submetidos, dos aprisionamentos ideológicos e dos pesos todos desnecessários e tão comuns durante a existência.

Os anos, se bem vividos e refletidos, são cinzéis a nos burilar enquanto seres humanos. Espero permanentemente melhorar como pessoa, aprender sempre, viver solidariamente, vencendo o egoísmo, a intolerância e a inveja e semeando ao máximo o amor, a racionalidade, o equilíbrio e a esperança.

Na idade da razão, é preciso evocar Sócrates e afirmar que uma vida afastada da reflexão não vale muito a pena ser vivida. A reflexão constante aliada ao amor ao próximo constituem a própria vida.

Foto: acervo @dialogosgerais fevereiro de 2018.