segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Itaguara: 75 anos de emancipação política



Hoje comemoramos um aniversário muito especial. Itaguara, essa jovem e altiva senhora, completa, neste derradeiro dia de 2018, 75 anos de emancipação política. Data simbólica porque sabemos que uma cidade é a soma de toda a sua história - dos cataguás até nós.

Nestes versos escritos há cinco anos e que compartilho agora, homenageio nossa terra, identificando um traço comum em todos os itaguarenses: a itaguarescência, a soma do itaguarescer e do itaguarizar - da abstração e da corporeidade, do visível e do que sentimos - aquilo que faz muito do que somos.

A itaguarescência está contida na mineiridade - inescapáveis identidades nossas.

Parabéns, Itaguara!

Itaguarescência
(Alisson Diego)

O pertencimento solidário
Geógrafa identidade
Certidão de inserir-se mineiro

Gente que nasce e se fazendo se torna
O próprio lugar da gente

Pelas vertentes centrais do centro-oeste metropolitano de Minas
Há Itaguara
O lugar, o povo, o céu, as águas e os pores de sol
Singular peculiaridade no mundo

Itaguarescer
É labutar sem sono
Suar sem reclamos
E ainda agradecer

Itaguarescer Também é se dar aos pequenos prazeres
Que colorem o existir de sentido e flores
O céu estrelado, as muitas árvores multiformes
Os sons do mato, as andorinhas a rodear faceiras a torre da igreja

Itaguaresço-me
Ao escutar as noites de luares hemiciclos
E as chuvas com cheiro tímido de verde-natureza
É a fantástica magia da realidade simples
É Minas deveras Gerais gentes arraigadas

Itaguaresço-me
Quando contemplo os pores-de-sol
Multicoloridos de canto a canto da Conquista
Quando ouço os mugidos sinfônicos das criações
Os farfalhares, chilreares, berros, grasnados, cantares, uivos e assobios

Num canto nobre da alma Itaguarescida
Escuta-se os cantos entranháveis dos cataguas, sapucaias
Amyipagûana

O itaguarense Sertanejo-citadino-universal
Adjetiva-se de mineiridades inescusáveis

É o café
O leite
O pão de queijo
O queijo
A broa de fubá
O gado
A lida
A fé
A botina, o canivete, o chapéu e o pito de palha escondido
no fundo do bolso raso da calça gastada mas remendada caprichosamente
(porque o desperdício não pode)
A conversa, o banquinho, o convite, a visita:
_ Senta!
_ A demora é pouca.
_ Almoça!
_ Uai...

É o pai, o avô,
O bisavô e o tataravô
Tradição
Mamãe, vovó, bisavó
Sensíveis tradições e humildades herdadas

É recusar agradecendo e desejando
Aceitar recusando
E agradecer muito

Itaguarizar-se
Para seguir na estrada,
Tocar a lida

Itaguarizo-me
Na pataca
Na serrinha
Nas estradas poeirentas bonitas
Pelas ruas simples de magia e gentes
Nas conversas despretensiosas demoradas na venda do Zé Ananias
Entre fumos de rolo, velas de santo e livros de filosofia antiga

Itaguarizo-me
Quando amanheço após noite  de turbulento sonho
Cruz-credo

O itaguarense
Transcende palavras
Fala por sorrisos aquiescentes e olhares exprobos
Mantém a fé na humanidade e a desconfiança em si próprio
E ora
Sem esperar milagres
Mas acreditando que os impossíveis se fazem quando se merece
Ou é tudo mistério do Deus
Supremos inexplicáveis

É preciso confiar no manto
Da santa que sofre e chora a dor da perda do filho
Que por acaso é Deus

Ser Itaguarense
É exceder-se algumas vezes
para equilibrar-se para o todo até o fim

Ser itaguarense é não ser melhor
Nem pior
É só ser
Ente

Ser itaguarense
É superar itaguarices
E Itaguarescer-se
Itaguarizar-se

É ter um pé no interior e outro na capital
E conservar a alma no interior

É viajar pensando em voltar
E sorrir sozinho despistado
quando a serra de Itaguara se descortina em pontinhos de luz:
Alá ó, Itaguara!

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Quando eu falo de corrida

Circuito das Estações 24/11/18

Compartilho, a seguir, artigo publicado no Jornal Cidades (edição: dezembro de 2018):

Quando eu falo de corrida *  

Já que a principal temática do JC deste mês é saúde e longevidade, fiquei inspirado a escrever sobre uma atividade que mudou a minha perspectiva de vida e me fez um ser humano mais saudável, autoconfiante, disciplinado e melhor: a corrida de rua.  

Comecei a praticar caminhadas médias (3 quilômetros ao dia) dos 12 para os 13 anos de idade, por recomendação médica – eu tinha um pequeno problema no joelho (algo decorrente da fase de crescimento juvenil) e estava totalmente proibido de jogar futebol. O ludopédio (é cada nome que inventam para o esporte nacional) era a minha primeira paixão esportiva como tinha que ser – aos 9 anos, vi a seleção de 94 conquistar o tetra e aquilo me deslumbrara como a todos de minha geração. Mas o futebol não era uma opção naquele momento e o médico foi categórico: “Apenas caminhadas e, mesmo assim, leves”.  

Das caminhadas “leves” para a corrida foi um pulo. Achava um tanto quanto insosso ficar apenas caminhando, caminhando lentamente vendo as paisagens passarem... A vontade de correr foi um impulso natural. Nessa época, eu era um pré-adolescente gordinho e as corridas também começaram a fazer efeito: fui emagrecendo paulatinamente, ganhando autoconfiança e aumentando as distâncias. As caminhadas leves ficaram para trás e corria 6 km por dia.  

Após quase um ano correndo, emagreci suficientemente e, milagrosamente, o meu problema de joelho simplesmente havia desaparecido. Mas, aos poucos, fui deixando de lado as corridas para voltar aos esportes coletivos: futebol, futsal e voleibol.  

De volta a Itaguara (após morar uma década fora da cidade com minha família), aos 16 anos idade, a convite dos amigos da Acrita (Associação dos Corredores de Rua de Itaguara), voltei a praticar corrida de rua. Tomás, Reginaldo, Bila, Juarez e os outros corredores eram muito velozes e incentivam os mais guris como eu. Cheguei, naquela época, a conquistar um pódio (terceiro lugar na categoria 16-19 anos) nas célebres corridas na Avenida dos Andradas, em BH, que eram organizadas pelo Ricardinho (o popular Mister Bus) nas manhãs de domingo uma vez por mês. Foi naquele tempo também que corri a minha primeira Volta da Pampulha. Era 2001 e, apesar de correr com um tênis nada propício, completei os 18 km com cerca de 1h25.  

Depois veio a faculdade, o trabalho e parei de correr por “imposições do tempo” - uma desculpa super esfarrapada porque quem quer acha tempo para o que realmente importa na vida – os psicólogos explicam muito bem). Fato é que a corrida havia deixado de ser uma prioridade.  

Há uns seis anos, voltei a correr disciplinadamente. Tive de emagrecer muito, voltar a pegar o ritmo, re-acostumar o corpo. Agora, tomei uma decisão: Não paro mais de praticar corrida, a menos que alguma imposição natural da vida me impeça. Não é que tenha me tornado esportista profissional, muito longe disso (não dispenso, por exemplo, eventualmente, alguma bebida aos finais de semana), mas a questão fundamental é que a corrida me transformou em uma pessoa muito mais disciplinada, confiante, previdente e sensata.

No ano passado, um fraterno amigo, presenciando o meu entusiasmo existencial pela corrida de rua presenteou-me com um livro que recomendo fortemente a todos aqueles que correm ou desejam correr: “Do que eu falo quando eu falo de corrida”, de Haruki Murakami. O escritor japonês mudou totalmente a sua vida quando começou a correr. E ele já não era jovem! Iniciou com mais de 30 anos de idade e já completou várias maratonas. Hoje, aos 69 anos, o premiado literato ainda corre e muito: cerca de 10 km por dia e vive viajando e participando de provas ao redor do mundo (correu várias maratonas e ultra-maratonas).

Separei duas frases do Murakami, nessa obra literária supra comentada, para inspirar você leitor que, se chegou até aqui, no mínimo, se interessou pelo assunto e pode estar disposto a iniciar neste esporte altamente aprazível e realizador:  

*  “Não me levem a mal – não sou totalmente anticompetitivo. É apenas que, por algum motivo, nunca me importei muito se derroto os outros ou se perco deles. […] Interesso-me muito mais por atingir os objetivos que fixei para mim mesmo, de modo que, nesse sentido, corridas de longa distância caem como uma luva para uma disposição de espírito como a minha”.  

*  “Não interessa quanto eu fique velho, mas enquanto eu continuar a viver, vou sempre descobrir alguma coisa nova sobre mim mesmo.” É exatamente o que a corrida fez e faz comigo: a cada dia me entendo e me conheço melhor.”  

PS: Ah, um conselho: antes de começar a correr, procure um médico, faça exames regularmente e sempre mantenha esse acompanhamento. Além disso, faça fortalecimento muscular numa academia. É absolutamente essencial.

* Alisson Diego Batista Moraes, 33, advogado, MBA em Gestão de Empresas (FGV) e acadêmico de Filosofia pela UFMG. Foi prefeito de Itaguara entre 2009 e 2016 e, atualmente, é secretário de Planejamento e Governo de Itaúna-MG. É também um entusiasmado corredor amador.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Congresso Mineiro dos Serviços Municipais de Saneamento em Itabirito

Alisson Diego e Wagner Melillo - novembro de 2018


O 7° Congresso Mineiro dos Serviços Municipais de Saneamento aconteceu de 21 a 23/11, em Itabirito (MG), contou com a presença de gestores públicos, técnicos, estudantes e expositores que atuam na área de saneamento básico.

O presidente da Assemae Regional de Minas Gerais e diretor-presidente do SAAE de Itabirito, Wagner Melillo, ressaltou a necessidade de unir os municípios em busca da qualidade dos serviços de saneamento. “Estamos aqui para trocar experiências, conhecer novas tecnologias e fomentar soluções. É por meio dessa troca de conhecimento que vamos seguir em frente e conquistar o nosso espaço. Nós somos capazes de fazer saneamento básico com eficiência, investindo na capacitação e fortalecimento dos municípios”, frisou.

Representando a Presidência Nacional da Assemae, o vice-presidente da entidade, Alessandro Tetzner, parabenizou a iniciativa da Regional de Minas Gerais, ao mesmo tempo em que destacou a importância do evento para o avanço do saneamento municipal. “A Assemae está à disposição dos municípios no sentido de apoiar, fortalecer e capacitar os profissionais do setor. Nossa missão é estimular o protagonismo dos municípios na gestão do saneamento, reconhecendo a competência e dedicação dos gestores e técnicos locais”, acrescentou.

O secretário de Planejamento e Governo de Itaúna, Alisson Diego, prestigiou o evento e entregou uma carta com a intenção de Itaúna sediar o evento em 2019, que recebeu boa acolhida por parte da direção da Assemae Minas Gerais. "Parabéns Melillo e Itabirito pelo belo Congresso - oportunidade de congregar ideias em favor de uma gestão pública cada vez mais eficiente. Ao que tudo indica, Itaúna deverá ser a sede do Congresso Mineiro de 2019. Estamos felizes porque demonstra o protagonismo itaunense, em especial, do SAAE Itaúna - referência em boa gestão de saneamento em nosso estado", ressaltou Diego.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Personagens da História Itaguarense: João Luis de Oliveira Campos

Tenente Coronel João Luis
de Oliveira Campos

João Luis de Oliveira Campos (*1834  + 1914) hoje é o nome de uma das cinco equipes de ESF (Estratégia de Saúde da Família) de Itaguara-MG. Ele faleceu há 114 anos, mas a sua história não pode ser esquecida e, por isso, compartilhamo-na aqui neste espaço (autoria da professora Maria Geralda Costa):

                                                                          *  *  *

O Tenente Coronel João Luís de Oliveira Campos foi dono da Fazenda da Mata, cuja sede é hoje residência de D. Eneida de Oliveira Malta. A casa sofreu reformas, mas guarda a mesma estrutura. A parte de cima era a residência da família e a de baixo a senzala. Ele possuía muitos escravos. Embora fosse tido como “bom senhor de escravos”, meu avô, seu filho, dizia guardar tristes lembranças do tempo da escravatura. Lamentava ter vivido nessa época.

Ele casou-se em primeiras núpcias com Mariana Francisca de Paula, filha dos antigos donos da Fazenda do Pará. Portugueses, Coronel João Luis e D. Mariana tiveram os seguintes filhos: ­­

- Cipriana Vilela de Oliveira Campos, nascida em 1871, esposa de Teotônio Rodrigues Pereira;

- Bárbara Vilela de Oliveira, esposa do primo, Coronel Joaquim Vilela Frazão, homem de muitos bens; não tiveram filhos. Seu testamento recomendava bens para construção de uma escola. É a nossa escola Coronel Frazão.

- Antônio Luis de Oliveira Vilela, esposo de Gabriela Luisa de Oliveira. Ele foi delegado, é o personagem "Major Anacleto", na obra de Guimarães Rosa. É tataravô do ex-prefeito Alisson Diego Batista de Moraes.

- Luis Vilela de Oliveira Campos (meu avô) cuja esposa Arminda Luisa de Oliveira era irmã de Gabriela.

- José Luis de Oliveira Vilela que se casou com Francisca Dias de Oliveira Leite, natural de Congonhas (avós de D. Hélia de Oliveira Vilela).

- Maria das Dores de Oliveira Campos (D. Dorica – patrona da casa de D. Dorica) esposa do farmacêutico Arthur Contagem Vilaça, natural de Crucilândia.

- Maria do Carmo Vilela Oliveira (bisavó da curadora do Musa - Maria Rita) , casada com Antônio Rodrigues de Oliveira.

O título de Tenente Coronel lhe foi conferido pelo Império. A patente e a espada doadas na época que recebeu o título estão com descendentes seus. A espada, com bisneto de Coronel Antônio Luis e a patente, com um bisneto de D. Cipriana.

Naquela época por aqui não havia médico e nem farmacêutico. Coronel João Luis cuidava da saúde de nosso povo (havia outros que faziam o mesmo). Dizem que seus remédios eram bem acertados. Quando alguém insistia querendo um diagnóstico, sua resposta era categórica. “Pode ser que seja e pode ser que não seja”! Conhecemos em Oliveira, D. Amanda que dizia ter sido curada por ele. Ela sofria algo nos olhos que muito a incomodava. Ele deu uma picada no seu dedo e com seu próprio sangue a curou! D. Amanda era uma velha ex-escrava.

Ele procurava estudar. Um de seus livros, Guia Pratico da Saúde, editado pela “Casa de Publicação Brasileira” de São Paulo, ainda existe e pertence hoje ao veterinário Fábio de Oliveira Ribeiro (bisneto). Tem-se a impressão que seu amor à medicina passou aos seus descendentes. São 24 os médicos de sua descendência .

Dezessete deles descendem do casal Cipriana e Teotônio. Também João Rodrigues que desempenhou cargos importantes na Arquidiocese de Belo Horizonte era filho deles. Os netos do Coronel João Luis e D. Mariana os chamavam de pai João (parecendo mais "Pajão") e Mãe da Mata .

O Coronel João Luis ficou viúvo em 02/02/1906. D. Mariana morreu aos 67 anos. D. Dorica ainda era solteira. Foi entregue pela mãe à irmã mais velha Cipriana. Era desejo de sua mãe vê-la casada com farmacêutico Arthur Contagem Vilaça, sete anos mais novo. Desejo realizado! D. Dorica era moça prendada. No colégio da tia Lilita em Oliveira, aprendera piano, pintura, etc.

Em julho, cinco meses após o falecimento da sua esposa, Coronel João Luis contraía novas núpcias com Belmira Ana de Oliveira, menina moça de 13 anos. Segundo recordações de familiares, ela possuía muitas jóias. Parece que o velho de 72 anos se encantara com a jovenzinha esposa!

Coronel João Luís adquiriu, no arraial, uma casa pertinho da matriz, onde hoje é pizzaria da praça. Ali viveu os seus últimos anos de vida. A casa passou a ser da viúva, D. Belmira. Faleceu aos 80 anos e foi sepultado no dia 10/12/1914 em Rio do Peixe, hoje Piracema. Não havia cemitério aqui. Os mais próximos eram os de Pará dos Vilelas e Piracema.

Dados colhidos no Livro: Genealogia de Carmo de Cajuru, de Oswaldo Diomar, lembranças de parentes e amigos. Em todos os lugares a palavra Luis apareceu com s e sem acento. Págs. 660 - 661

Maria Geralda Costa
Itaguara, 14 de outubro de 2013.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Sociólogo João Batista sobre o 2º turno

Compartilho a seguir as palavras do professor João Batista dos Mares Guias (em publicação em suas redes sociais), candidato ao Governo de Minas pela Rede Sustentabilidade, para auxiliar no aprofundamento do debate que nos espera neste segundo turno eleitoral:

*  *  *

Brasil: 

minha posição pessoal sobre o segundo turno eleitoral entre Fernando Haddad (PT) versus Bolsonaro (PSL)
Leio nos jornais de hoje que Ciro Gomes, com o apoio do PDT, deverá declarar "apoio crítico a Haddad", no sentido de um "apoio protocolar, estabelecido que o partido não ocupará cargos em um eventual governo do PT, não participará da coordenação da campanha e fará oposição independentemente de quem seja eleito". 

Como se lê, a posição é clara, é "contra Bolsonaro", é de apoio a Haddad, apesar do PT. É apoio a Haddad sem abdicação da crítica e do distanciamento face ao PT. Portanto, fixa com nitidez posição de independência e de oposição crítica e construtiva em relação ao PT e a um eventual governo do PT, com Haddad presidente.

Concorde-se ou não com ele, Ciro Gomes, penso, agiganta-se como líder político nacional. Em momento tão crucial para o futuro do país ele se expõe e oferece uma orientação geral ao país e aos seus liderados.

Já na seara do PSDB Geraldo Alckmin antecipa a sua posição: nem um, nem outro, isto é, em hora tão crucial, neutralidade! Será essa a posição do PSDB? 

Em busca do desejado apoio do PSDB, em entrevista ao Jornal Nacional, da Globo, ontem, 08/10, Fernando Haddad facilitou ao PSDB uma tomada de posição semelhante à anunciada por Ciro Gomes. Defendeu programaticamente o ideário político e ideológico da socialdemocracia (do qual o PSDB há muito se afastou ou dele abdicou). Demonstrou-se disposto a uma aproximação virtuosa com o centro democrático. Disso ofereceu testemunho ao abandonar a tese lulista e do PT da defesa de uma Constituinte, severamente criticada por muitos e por mim devido à sua raiz ideológica autoritária. Além disso, estabeleceu o moderado senador eleito Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, na coordenação geral da sua campanha, além de promover substituição oportuna no comando da equipe responsável pelo programa de governo. Introduziu na agenda econômica do PT a relevância do enfrentamento e superação da crise fiscal com medidas de reforma fiscal.
Os sinais favoráveis a uma aliança eleitoral rumo ao centro não poderiam ser mais explícitos. Haddad oferece, agora, as primeiras demonstrações de estar no comando da própria campanha.

Bolsonaro versus Haddad e a tese da neutralidade ou "nem um, nem outro"

Há, estabelecido, um resiliente sentimento de anti-petismo visceral. Isso, por gravidade, canaliza apoios eleitorais a Bolsonaro resultantes apenas da negação do PT. Contudo, há também estabelecido um corpo difuso de valores, inclinações e disposições psíquicas e uma mentalidade em formação patentemente de extrema-direita e com forte viés fascista: o ideário comportamental, atitudinal e ideológico autoral do candidato Jair Bolsonaro.
Segue-se um resumo das características desse ideário:

i) supremacia masculina;
ii) intolerância e linguagem sentenciosa e peremptória;
iii) desprezo odioso à realidade humana demarcada pela diversidade em suas múltiplas expressões sociais: gênero, raça, orientações sexuais;
iv) culto à vulgaridade e anti-intelectualismo;
v) pensamento binário: tudo tem dois lados antagônicos, e nada mais, e a resolução passa necessariamente por uma relação de antagonismo cuja resolução se dá pela destruição do outro ( o "outro" sempre percebido e exaltado como "inimigo");
vi) valorização sistemática (coerente e consequente) das baixas paixões e dos instintos mais primários;
vii) desprezo ao diálogo, à busca do esclarecimento, à argumentação, à comunicação desimpedida e à formação de consensos verdadeiros (quer fixar consensos manipulados, fundados em premissas que nunca vão além de preconceitos e contra-valores civilizatórios);
viii) incitação verbal, gestual, comportamental e atitudinal à violência;
ix) culto à chefia salvacionista, vingativa e predestinada a "salvar" o país e o povo contra as forças do caos. Ordem versus pluralismo; comando versus liderança; obediência versus confiança; poder versus governo constitucional; intolerância face ao conflito democrático;
x) e, no extremo - aliás, manifesto - defesa da tortura ("o erro da ditadura foi não ter matado pelo menos uns 30 mil opositores" e o elogio ao torturador coronel Brilhante Ulstra), defesa da ditadura militar, culto à violência.

Como se quer demonstrar, Bolsonaro é a encarnação do autoritarismo, com forte inclinação ao totalitarismo fascista. Patentemente, uma ameaça em ato à democracia, vez que no exercício do "poder" seus contra-valores e - se desimpedidas de contenção - suas práticas tenderiam a fragilizar e a minar por dentro o estado de direito democrático, os valores democráticos e o republicanismo. Ainda que venha a alcançar o governo pelo voto em eleição limpa.

E Haddad e o PT?

O problema propriamente problemático é que Bolsonaro é o filho pródigo e de certo modo desejado-indesejado do próprio PT. Não irrompeu de um nada primordial. Antes, "floresceu" a partir de uma sucessão de graves erros cometidos pelo PT.

O PT escolheu o tortuoso caminho da destruição do centro democrático para conviver com o pântano de um "centrão" amorfo, corruptível, inorgânico e cooptável. 

Primeiro, foi o "Nós contra Eles", patente no fato do PT dar entrada no Congresso Nacional a 49 pedidos de impeachment contra FHC. Isso, mais a oposição sistemática ao Plano Real, à ideia da responsabilidade fiscal, ao ajuste cambial e fiscal - tardios, praticados somente durante o segundo governo -, ensejou a organização, daí em diante desencadeada, da prática da política no país como antagonismo. Nos anos FHC, o PT ganhou a "batalha" ideológica contra um PSDB acovardado, incapaz de defender o seu próprio legado e ideias. Foi dada hora, vez e voz a uma espécie de "comunidade de ódios" recíprocos entre o PT e o PSDB, em um cenário de disputa bipolarizada e cada vez mais visceral.

Adiante, nos governos Lula ocorreram, primeiro, o "mensalão", a que se seguiu o silêncio obsequioso do PT, isto é, nenhuma autocrítica. Tão ruim quanto, fez-se a exaltação heroica de José Dirceu como "preso político", sendo ele réu segundo a lei penal por crime de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Surgia, assim, pela mão e intenção do PT, a "corrupção do bem"! Pois, e afinal, para derrotar a burguesia, somente recorrendo também às artes do demônio, racionalizavam, justificando-se! Por essa via tortuosa, o PT sacramentava o uso continuado e sistemático da corrupção.

Tanto foi assim que somente em 2014 o país tomaria conhecimento, através da Operação Lava Jato, de como, a partir de 2006, a corrupção organizou o poder e os governos do PT, além de financiar fartamente as campanhas eleitorais do partido.

A revolta popular pacífica de 2013 levou a sociedade às ruas. Com ela, pela primeira vez a extrema-direita, ainda meramente comportamental e difusa, contudo organizando-se, também foi às ruas e tomou gosto pelas ruas. Aprendeu o caminho, construiu espaço e encontrou razões para ousar expandir. No ano anterior ocorrera o julgamento do caso "mensalão". No ano seguinte, 2014, começava a maior crise de recessão da história da economia brasileira, produzida pela ideologia a partir da onipotência da vontade da presidente Dilma Rousseff. O ano de 2014, crucial, foi, também, o ano do surgimento da Operação Lava jato e das primeiras e graves denúncias da corrupção do PT. Foi, também, um ano eleitoral.

Na sequência, estabelecida a crise econômica, aproveitada pela extrema-direita como caldo de cultura para a política do tudo ou nada, por sua vez o PSDB inaugurava a sua própria versão do "Nós contra Eles", em quatro atos. 

Primeiro ato: Aécio Neves, derrotado, questiona os resultados da eleição presidencial. Segundo ato, em 2016, segue o PMDB e decide o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Terceiro ato: a corrupção do PSDB começa a ficar patente, estampada pela Lava Jato. Quarto ato: PSDB, PMDB e PT fazem acordos de mútua salvação no Congresso Nacional e tentam inviabilizar a progressão da Lava Jato. Felizmente sem êxito.

É nesse ambiente de progressão continuada de fatos sombrios que emerge e depois irrompe um Bolsonaro como líder autoritário e a extrema-direita, em organização.

Haddad é PT. Tem personalidade própria, patente no exercício do governo municipal em São Paulo, quando frequentemente ele contrariou interesses fisiológicos de grupos do PT. A propósito, fez um bom governo em São Paulo. Não está envolvido em corrupção e nada pesa contra ele. Contudo, manteve-se em estado de silêncio obsequioso face à progressão continuada de erros do PT.
Seja como for, ele é melhor do que o PT tem se demonstrado. Mas não basta. Com efeito, até então apresentou-se como uma nova encarnação do lulismo. Oferece, agora, os primeiros passos de emancipação rumo à afirmação da sua personalidade própria de líder político, que é.

E então: que posição tomar nesse segundo turno?

Concretamente:
i) meu voto será em Fernando Haddad. Votarei pela liberdade, pela democracia (infelizmente não pode ser pelo republicanismo, pois o PT nada tem de republicano), pela reconstrução do humano. Contudo, sem entusiasmo, sem paixão, sem afinidades eletivas fortes, cético face a um eventual futuro governo do PT;
ii) de modo semelhante à posição de Ciro Gomes, penso que a Rede não deverá participar de um eventual governo Haddad. Antes, deverá se manter na oposição ao governo do PT como oposição construtiva, assertiva, oferecendo crítica e soluções. Mas sem participar do governo. É assim que pessoalmente procederei, longe do governo e do poder, em oposição construtiva;
iii) penso que a Rede deverá persistentemente cobrar do PT e do candidato Haddad uma autocrítica dos erros do PT e uma atitude firme contra a corrupção e uma manifestação inequívoca de apoio à Operação Lava Jato.

É o que penso e ofereço à Rede para reflexão. Seja como for, como nessa questão está envolvida centralmente uma questão irrevogável de valores humanos fundamentais, é assim que votarei, na esperança de que seja essa a decisão nacional da Rede.



Pelo Brasil e seu povo, desejo a vitória de Haddad. Se vitorioso, desejo que Haddad rompa definitivamente com a tosca e inaceitável política de hegemonia e de poder do PT, que Haddad supere o vicioso modo petista de governar para se perpetuar no poder.
Desejo que ele ponha fim à face sombria do lulismo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Estimativa de população do IBGE em 2018 não impacta na transferência de recursos para Itaúna

Projeção baseada na taxa de fecundidade nacional não condiz com realidade da cidade; número de habitantes será conhecido no próximo Censo, em 2020 



O prefeito Neider Moreira e o secretário de Governo e Planejamento, Alisson Diego Batista Moraes, reuniram-se nesta terça-feira, 18 de setembro, em Belo Horizonte, com representantes da Superintendência Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. O encontro foi motivado pela preocupação do Executivo de Itaúna em relação à última estimativa de população apresentada pelo órgão, com data de referência de 1º de julho. O levantamento apontou que o número de habitantes caiu, entre 2017 e 2018, de 92.696 para 92.561pessoas, uma redução de 135 moradores, conforme a pesquisa divulgada.

Os indicadores levaram os gestores a buscar informações, visto que, conforme explicou Neider, não existe notícia de um movimento migratório de Itaúna para outras localidades. E, além disso, como ressaltou o prefeito, o município garantiu bom desempenho na geração de emprego e renda, no ano passado, chegando a ocupar lugar de destaque, com a quarta colocação em Minas Gerais e a primeira da região Centro-Oeste, na abertura de postos de trabalho com carteira assinada.

A superintendente regional do IBGE, Maria Antônia Esteves, explicou que o relatório, publicado recentemente, há cerca de três semanas, teve como embasamento projeção feita pelo órgão sobre a população de Minas Gerais. Os números apurados tiveram a ver com a menor taxa de fecundidade, identificada em todo o Brasil, no período analisado.

"Tivemos uma verdadeira aula de demografia e  pudemos compreender a metodologia utilizada pelo IBGE. Itaúna terá crescimento populacional constatado em 2019 - o que também será demonstrado por meio do censo de 2020", disse Alisson Diego.

“Voltamos mais tranquilos, porque constatamos, junto às especialistas, que Itaúna não vai perder nada. As estimativas de porte populacional de todas as cidades foram jogadas para baixo, diante dessa questão e o município ainda é considerado como um dos 50 que crescem em território mineiro. Saberemos ao certo o número de habitantes em 2020, com o próximo Censo. Agora, não se fala em perda de arrecadação, em prejuízos na transferência dos recursos, essa possibilidade foi totalmente descartada”, comentou Neider, após a reunião.

Fonte: Ascom PMI

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Setembro Amarelo


O suicídio já é a segunda maior causa de mortes de jovens e adolescentes no Brasil. Nos últimos anos, simplesmente dobrou o número de casos de suicídio em escolas públicas e particulares, em todas as regiões do País.

Diante disso, você pode fazer 3 coisas:

1. Ignorar e fazer de conta que este e-mail não tem nada a ver com você

2. Torcer para que não aconteça perto de você e sob sua responsabilidade

3. Pensar a respeito e fazer o que deve ser feito e agir de forma preventiva

Os sinais e os problemas podem estar mais perto do que você imagina. E, nesse caso, o único remédio é conversar a respeito e prevenir.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Sobre amizades improváveis, aprendizagens e história

A seguir, compartilhamos o artigo escrito para o Jornal Cidades, edição agosto/2018, que circula em Itaguara-MG e região.

Rui Lara, presente! 

O ex-prefeito, Rui Alberto Lara, em 2012.
Foto: Lílian Nascimento
A primeira vez que conversei com Rui Lara foi em 2001, levado pela professora Dunalva Galgani. Eu era um jovem estudante do ensino médio, muito interessado em política e ávido por ouvir histórias de minha terra. Acabara de regressar a Itaguara, juntamente com a minha família, após uma década fora da cidade.

Eram tempos tão marcantes que estão vívidos para mim: eu tinha apenas 16 anos de idade, frequentava a Renovação Carismática Católica, era "âncora" de um programa de rádio ao lado do amigo Antônio Júnior (o polêmico "Café com Leite"), fazia teatro no Grupo Vidas em Artes, tocava teclado na banda do Anderson Sansão (eventualmente, nas missas dominicais), atuava como goleiro do Galla (nosso time de futsal foi vice-campeão naquele ano) e estudava muito, muito mesmo porque queria ser diplomata.

Rui já era um senhor de 65 anos, bastante conhecido pelo temperamento forte, pelas palavras diretas e também por ter sido um prefeito honesto e que sabia dizer "não" sem dar voltas. Nossos perfis e idades eram bastante diferentes, logo uma amizade sincera e próxima era muito improvável. Mas, na vida, o improvável acontece todos os dias para nos provar que a existência em si é a improbabilidade encarnada. Rui e eu nos tornamos, então, fraternos amigos.

A verdadeira amizade é aquela construída pelo tempo, testada pelas intempéries e forjada pelas circunstâncias – independente das idades dos amigos. Nestes 17 anos de convivência próxima, muita coisa aconteceu. Recebi, honradamente, o seu apoio nas três eleições em que disputei (vereador em 2004, prefeito em 2008 e prefeito novamente em 2012). Vencemos juntos os três pleitos. Mas nossa amizade jamais se limitou à política. Rui era conselheiro em todos os âmbitos, inclusive em meus trágicos namoros. E, como em todo autêntico relacionamento de amizade, Rui e eu também passamos por momentos de desentendimentos e acaloradas discussões, o que serviu para fortalecer-nos enquanto amigos. Maria Rita que o diga – ela é testemunha disso tudo.

Uma característica como governante que me chamava a atenção em Rui Lara era o seu carinho com as comunidades rurais. Ele dizia que a zona rural demonstrava a eficiência ou a ineficiência de um prefeito. “Cuidar da cidade é mais fácil, mas cuidar das comunidades rurais exige que se priorize as pessoas, exige planejamento adequado, exige bom governo”, aconselhou-me certa vez. Aprendi isso e muitas outras coisas com ele.

Rui se indignava com a podridão reinante na política nacional. Nutriu uma descrença profunda pelo sistema político nos últimos anos - o que também comentávamos sempre. Diante disso, ele rememorava uma célebre frase de seu homônimo baiano, o Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Se não podíamos fazer muito pelo país, já que lá no alto a bandidagem tomava conta, era necessário que fizéssemos algo aqui na base – concordávamos ambos. É nosso dever, enquanto gestores públicos locais, deixarmos uma comunidade melhor para os que virão. Quem sabe um dia os de cima possam aprender... Tínhamos consenso sobre esta visão de mundo e sabíamos qual era o nosso papel. Não é preciso ser prefeito, governador ou deputado para trabalhar pela comunidade, é preciso ter espírito público, compromisso comunitário e senso de coletividade.

A história itaguarense registrará para sempre a contribuição deste singular gestor público e homem de comunidade. Rui Lara está eternamente presente na história de Itaguara como um abnegado administrador e, na vida de cada um de seus amigos e familiares, como um ser humano ímpar.

Se nos resta uma frase, esta deve ser: Obrigado, Rui; Itaguara lhe é eternamente grata!

Alisson Diego Batista Moraes, 33, advogado e gestor público. Foi prefeito de Itaguara-MG entre 2009 e 2016. Atualmente, exerce o cargo de secretário de Planejamento e Governo de Itaúna-MG.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Adeus, comandante

Rui Lara e Alisson Diego - janeiro de 2015
Eu o chamava carinhosamente de comandante. Não sei bem onde criei esse “apelido”, logo eu, que nunca fui muito afeito a apelidos. Mas essa alcunha, em especial, era uma genuína deferência, coisa de amigos mesmo. Devo tê-la criado num de nossos tantos encontros regados a muitas histórias e algum uísque.

Aprendi muito com Rui Alberto Lara, não só sobre política, mas sobre Itaguara e sobre a vida. Foram muitos anos de uma inesquecível convivência que se tornou uma bela e sincera amizade. A garganta deu um nó quando soube da notícia e as palavras fugiram todas do repertório do poeta.

Há apenas tristura grande na minha alma, dessas de amargar o tempo. Há também um vácuo que, sei, não será suprido. Resta a mais plangente dor e a mais terna lembrança. Rui Lara está eternamente presente na história de nossa Itaguara como um abnegado gestor público e na história de cada um de seus amigos como um ser humano ímpar. Ímpar!

Até um dia, comandante!

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Vou torcer para o Brasil, sim!


Tenho lido e recebido, por meio das famigeradas redes antissociais, algumas manifestações de “brasileiros” que dizem não mais torcer por nossa seleção de futebol por razões as mais variadas possíveis. 

Aqui está um trecho de uma dessas mensagens que recebi: “A CBF é corrupta (…) Estamos desempregados, sem hospitais, sem escolas decentes (…) seria esquizofrênico esquecer tudo isso por causa de uma Copa do Mundo de futebol”. 

Como entusiasta da lógica, posso afirmar que as razões acima não encontram qualquer respaldo lógico e não representam argumentos racionais para não torcer pela seleção. 

O Brasil é muito maior que a CBF; a nação é muito mais importante que um ou outro jogador despolitizado; o povo brasileiro está muito acima desse desgoverno temerário; a república é mais que essas páginas infelizes de nossa história. Não estou cá a fazer papel de Policarpo Quaresma e até abomino o ufanismo; mas como brasileiro racional que ama este país, não poderia deixar de contestar os agoureiros. 

É preciso lembrá-los: este é o país de gênios da literatura universal como Guimarães Rosa e Machado de Assis; de inigualáveis construtores de versos, como Drummond e Bandeira. O Brasil é o país de mentes brilhantes como Adolpho Lutz, Carlos Chagas, Cesar Lattes, Johanna Döbereiner e Oswaldo Cruz; do pai da aviação, Santos Dumont. Portinari, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti têm as cores do Brasil. 

Antônio Carlos Jobim, Ary Barroso, Chiquinha Gonzaga, Carlos Gomes, Chico Buarque, Caetano, Gil, João Gilberto e Villa-Lobos são acordes brasileiros. 

Altaneiras personalidades do desporto são daqui como Pelé, Maria Esther Bueno, Eder Jofre, Robert Scheidt, Daniel Dias, Guga, Sócrates Brasileiro, Vanderlei Cordeiro de Lima, dentre tantos outros. 

Até na política, hoje tão malquista, temos referências respeitáveis: Cláudio Manoel da Costa, José Bonifácio, Dom Pedro II, JK, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Ruy Barbosa, Zumbi dos Palmares, dentre outros (a lista não é extensa, mas é respeitável). 

Esses nomes por si só não configuram motivos para torcer pela seleção, mas quer dizer que temos ligações patrióticas para além de nossos olhares presentes. Eles são brasileiros como nós e que não desistiram do país, ao contrário, honraram-no e engrandeceram-no. Nosso terroir é invejavelmente belo, singularmente próprio, brasileiramente engrandecedor. Orgulho-me em dizer que sou brasileiro. 

Nossos grandiosos problemas sociais não nos devem ser motivos para agourar; não devemos esquecer nada em nome da Copa, mas que tudo (até o futebol) nos seja verdadeira inspiração para lutar por um país melhor e mais justo. 

Está faltando estudo, racionalidade, lógica e uma pequenina dose de patriotismo a alguns brasileiros. Entendo o não torcer pela seleção, mas abomino o boicote, o despatriotismo e esses mau agouros à nação. 

Nossa pátria multiétnica é o Colosso do Sul, “o poderoso domínio de potencialidades ilimitadas”. Se o momento é difícil, ora, trabalhemos para superá-lo . 

Dito tudo isto, ressalto o que todos os brasileiros sabemos logo ao nascer: o futebol é um dos elementos de construção de nossa identidade. Somos a pátria de chuteiras, como diria o nosso saudoso radiologista do cotidiano Nelson Rodrigues. 

Por fim, se me fosse concedida a dádiva de uma nova vida, sem hesitação alguma eu novamente quereria ser brasileiro. 

Neste domingo estarei, uma vez mais, vestido de verde, amarelo e esperança imorredoura para torcer pela seleção do meu país. 

Alisson Diego Batista Moraes, 33, brasileiro
www.alissondiego.com.br

terça-feira, 29 de maio de 2018

O poder é civil

Artigo escrito para o Jornal Cidades (Itaguara/MG) na edição de junho de 2018:

O Poder é Civil

Comecei a escrever regularmente para um jornal em 2006. Eu era um mancebo estudante de Direito de 20 anos e os textos refletiam as utopias de um jovem idealista legislador municipal que tinha uma certeza: era possível e necessário mudar o mundo.

Alisson Diego - maio de 2018.
O jornal para o qual eu escrevia era o extinto Gazeta da Conquista, um periódico que durou pouco tempo, mas tem lugar de destaque na história jornalística de Itaguara. Antes disso, tive a oportunidade de escrever esporadicamente para um jornal partidário durante os anos de 2002 e 2003.

Anos depois, contribuí com textos literários para o Jornal Spasso de Itaúna. O amigo professor Ralph Maulaz disse-me, certa vez, que estes eram textos verdadeiramente literários e inspiradores. Não sei se Ralph (um autêntico acadêmico e exigente leitor) foi excessivamente gentil, mas o fato é que seu feedback foi um incentivo muito importante à época. 

Pois bem, o tempo passou, a razão amadureceu e eu resisti bastante antes de aceitar o desafio de voltar a ser articulista, mas o gosto pela escrita aliado à necessidade imperiosa de provocar necessárias reflexões nestes tempos estranhos que vivemos, convenceram-me a oferecer a minha contribuição. 

Penso que o desafio de todo articulista é ser sucinto, sem ser raso; ser claro, sem tergiversar e tratar de assuntos atuais, sem deixar de contextualizar e flertar com a história. É isso que espero fazer neste espaço. Para tanto, conto com a valiosa participação dos leitores, inclusive com a sugestão de temas a serem abordados. 

Para não ficar apenas no âmbito de um simulacro de “ensaio autobiográfico”, aproveito este espaço para dizer que tenho me assustado imensamente com as manifestações de inúmeros “cidadãos de bem” pedindo a volta do regime militar ou uma tal “intervenção constitucional militar”. Tais possibilidades são absurdamente inaceitáveis e romper com a democracia nunca será o melhor caminho. Ademais, todos os brasileiros precisamos saber que o estado democrático de direito é uma cláusula pétrea da nossa Constituição. 

Como disse o historiador Leandro Karnal, ao refutar as aventuras antidemocráticas: “Se um remédio não está funcionando, não devemos executar o paciente numa câmara de gás, mas sim mudar o remédio; achar algo mais eficaz (...) Não há como defender eticamente um regime militar”. 

Queremos mudar os rumos da nação? Para isso, haverá eleições em outubro. Precisamos e muito dos generais e das forças armadas – mas exclusivamente adstritos às suas funções constitucionais. O poder é civil! 

Alisson Diego Batista Moraes

terça-feira, 22 de maio de 2018

Perdemos Alberto Dines

Alberto Dines (19/02/1932 / 22/05/2018) Foto do SJSP

Perdemos todos. É uma perda universal. Dines era inspiração Lembro-me bem de que tinha 16 anos de idade quando decidi ser jornalista. Minha maior inspiração não era nenhum âncora de grandes emissoras de TV. Era Alberto Dines, comandando com suas peculiares argúcia e tenacidade o Observatório da Imprenda.

Depois, já no curso de jornalismo, descobri que Dines era maior que eu imaginava.  Era a inspiração de muitos periodistas Brasil a fora. E minha admiração aumentou. Dines tinha a rara capacidade analítica de ser simples, mesmo quando o assunto era complexo. Falar simples sem ser raso é algo para poucos. O observatório da imprensa foi um hábito formativo de minha adolescência. Meu lado jornalista morre um pouco com Dines nesta terça-feira (22/05).

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Financiamento junto ao BB garante importantes investimentos em Itaúna

Prefeitura e Câmara garantem recursos de mais de R$ 3 milhões para reestruturação do Canteiro de Obras

Adesão ao Programa de Eficiência Municipal vai garantir compra de veículos, máquinas e equipamentos para melhorias na infraestrutura em todas as regiões da cidade 


Ampliar os serviços prestados à população itaunense, com a intensificação das obras de infraestrutura em todas as regiões da cidade. Com essa meta, a Prefeitura de Itaúna aderiu ao Programa de Eficiência Municipal, do Banco do Brasil, e garantiu, ao assinar o convênio com a instituição financeira, na manhã desta quinta-feira, 12 de abril, a liberação de R$ 3,073 milhões, destinados à aquisição de veículos, máquinas e equipamentos, tais como: uma motoniveladora, duas retroescavadeiras, dois rolos compactadores, uma prancha para transporte, caminhões cabine simples, um tanque pipa, um guindaste, uma carroceria de carga seca e uma caçamba basculante.

A reestruturação do Canteiro de Obras é uma necessidade antiga. E vinha sendo planejada desde o início da atual administração, em janeiro de 2017, devido às condições de sucateamento em que foram encontrados os itens indispensáveis à Secretaria de Infraestrutura. Itaúna foi a primeira cidade da região a fazer a adesão ao Programa de Eficiência Municipal. “Essa ação vai garantir investimentos essenciais na renovação da frota e, consequentemente, condições para que a administração atenda às demandas, na área urbana e, especialmente, na zona rural, que ficou bastante prejudicada com as últimas chuvas. Existem dificuldades, mas é preciso que sejam enfrentadas com trabalho, criatividade e determinação. As parcerias, como essa firmada com a instituição financeira, são fundamentais, assim como o apoio do Legislativo”, afirmou o prefeito Neider Moreira. O projeto de lei, de autoria do Executivo, que autorizou a obtenção do crédito foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal.

A superintendente regional do Banco do Brasil, Juliana Tanaka, destacou o protagonismo de Itaúna em todo o Centro-Oeste de Minas Gerais e salientou também a importância da chegada dos recursos para fomento do desenvolvimento econômico, com as melhorias na mobilidade urbana, e, consequentemente, aumento da qualidade de vida da população. A gerente-geral da agência do Banco do Brasil em Itaúna, Kalamed Losque Freitas, completou: “É um momento histórico, pois, essa iniciativa trará muitos benefícios para a coletividade”. Estiveram presentes a assessora Natália Cristina de Oliveira e Paula Cardoso Santos e Silva, da Gerência de Relacionamento.

Alisson Diego, secretário municipal de Planejamento e Governo e funcionário cedido pelo Banco do Brasil para a Prefeitura de Itaúna desde janeiro de 2017 agradeceu ao Banco e disse que o investimento eficientiza a gestão pública. "Primeiramente agradeço ao BB,  instituição ao qual orgulhosamente estou vinculado como funcionário há uma década, pela cessão e por poder desenvolver este trabalho de aprimoramento da governança no setor público. Ademais, gostaria de dizer que programas como este, neste momento difícil porque passam os municípios brasileiros, são absolutamente fundamentais para a eficientização da gestão pública brasileira - demanda muito requerida por nossa população".

Ainda participaram da cerimônia de assinatura do convênio o secretário da mesa diretora da Câmara, Antônio José de Faria Júnior, o líder do Governo, Hudson Bernardes, acompanhado dos vereadores Alex Artur, Anselmo Fabiano Santos, Silvano Gomes Pinheiro e Lucimar Nunes Nogueira. Lacimar Cezário enviou representante. Também acompanharam o ato o chefe de Gabinete, Valter Gonçalves do Amaral; os secretários de Administração, Dalton Nogueira; e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Mário Sotero Borges. O gerente de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Alexandre Falcão, representou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Diógenes Vilela. O vice-prefeito Fernando Franco, gestor da Infraestrutura, não pôde comparecer devido a compromisso agendado anteriormente.

Com informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Itaúna.

sábado, 24 de março de 2018

Um post de health ajuda

O que aprendi com a primeira cirurgia de minha vida 

14.03.18 - logo após a cirurgia
Fiquei bem ansioso há algumas semanas quando soube que teria de ser submetido a uma septoplastia. Cirurgia simples, mas cirurgia, né? Primeira cirurgia de minha existência trintenária. Medo? Um pouco; mais receio que medo, na verdade. Passados oito dias da realização do procedimento cirúrgico e, ainda sofrendo com o famigerado pós operatório, colecionei alguns aprendizados que faço questão de compartilhar:

1. A saúde é o bem maior. Isso parece meio óbvio. Quando estamos em qualquer situação de fragilidade é que damos real valor à plenitude da vida. O ideal era que não precisássemos sentir frio para perceber a necessidade do cobertor, mas nós, os humanos, precisamos da falta. Eis o desafio: felicitar-se diariamente apenas por não estar ”doente”.

2. A respiração é o alimento da alma. Após vários dias com as narinas quase que totalmente bloqueadas, a gente aprende que os antigos gregos tinham muita razão quando conectavam a respiração diretamente à alma. Que falta faz poder respirar bem, sentir o ar percorrer todo o seu ciclo até a expiração. Cuidar da respiração é cuidar da vida. Não tem jeito de aceitar cigarro ou qualquer coisa que dificulte o elo com a alma.

3. Resiliência e paciência. Imagina ficar numa cama ou num repouso moderado (sem exercícios por 30 dias) para quem não para quieto por 30 minutos e tem o costume de correr 30 km por semana!? Pois é. Foi preciso ou corria-se o risco de hemorragia, dentre outras complicações. Quando algumas situações nos são impostas, a capacidade de se adaptar aliada à calma necessária são virtudes a serem cultivadas.

4. Disciplina. A fórmula do fracasso, nesse caso, é não seguir as recomendações médicas. Por cada omissão, há uma reação. Esqueci, outro dia, de fazer as lavagens nasais no tempo prescrito e à noite não dormi absolutamente nada por dor e dificuldades respiratórias. É preciso ser disciplinado.

5. Confiança. Sempre acreditei que a confiança é um dos motores da existência. Com esta situação cirúrgica, isso se confirmou pra mim. Sem ela nada acontece. Confiança na equipe médica, nos medicamentos, na ciência etc. Ou se tem confiança ou tudo fica muito mais difícil e doloroso.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Por que o saneamento básico é tão importante para as cidades?

A seguir compartilhamos texto do Portal Brasil, publicado em 14/03/2018, sobre um assunto mais que fundamental: saneamento básico. Confira:

O saneamento básico é todo o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações relativas ao abastecimento de água potável, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais dos centros urbanos e rurais.

Dentro desse leque, está também o esgotamento sanitário. Ele compreende a coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados de todo o esgoto sanitário. Em outras palavras, o esgotamento é o nome que se dá ao caminho e tratamento que o esgoto recebe desde que sai das residências, comércios e indústria, até o lançamento final no meio ambiente. Por que se preocupar com o tratamento de esgoto?

Antes de mais nada, o tratamento de esgoto é um dos direitos dos brasileiros previstos pela Lei do Saneamento Básico. Tratar os esgotos tem impacto sobre a saúde pública mas também sobre aspectos econômicos e sociais; confira:

Evitar doenças

O tratamento do esgoto reduz a quantidade de organismos que provocam doenças. Assim, eles voltam ao meio ambiente sem o risco de proliferação de microrganismos nocivos à saúde que podem ser transmitidos pela água.

Cuidar do meio ambiente

Mais tratamento, menos sujeira, menos prejuízo ao meio ambiente. Esse cuidado tem consequências para a flora e fauna de qualquer região.

Economia

Quanto mais a água do esgoto é tratada, menor o custo do tratamento da água potável para o consumo humano. Assim, as pessoas têm mais recursos hídricos disponíveis para uso industrial e comercial. Cuidar das cidades Ninguém gosta de uma cidade suja, com mau cheiro e onde há risco de pegar doenças. Esgotos não tratados causam danos aos moradores e turistas, prejudicando o lazer, o trabalho e atividades do cotidiano.

Como é feita a coleta e tratamento do esgoto? 

1. Coleta e transporte

O esgoto é recolhido nos domicílios e transportado por meio de encanamentos.

2. Gradeamento 

O esgoto chega à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e passa por grades que impedem a passagem de pedaços grandes de lixo, como madeiras, latas, plásticos, papéis etc.

3. Desarenação 

O esgoto passa, em baixa velocidade, por canais, para que toda a areia contida nele seja sedimentada pela força da gravidade.

4. Oxidação biológica

É adicionado oxigênio ao esgoto e as bactérias reproduzem-se em grande quantidade e alimentam-se da matéria orgânica, formando “flocos biológicos”.

5. Decantação 

Os flocos biológicos sedimentam-se no fundo de um tanque, formando o lodo. O líquido resultante dessa separação já está pronto para ser lançado em um rio ou lago, sem prejuízo para o meio ambiente.

6. Recirculação do lodo 

Um sistema de bombeamento repete a oxidação biológica e a decantação até que o material atinja o grau de limpeza suficiente.

7. Destino final do lodo

O lodo sólido resultante será secado, prensado e colocado em aterro sanitário; utilizado na agricultura; ou incinerado.

Fonte: https://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2018/03/por-que-o-saneamento-basico-e-tao-importante-para-as-cidades

sábado, 10 de março de 2018

Conselho Diretor Nacional da Assemae reúne-se em Ribeirão Preto

Encontro reuniu dirigentes de saneamento básico de todo o país


CDN Assemae - Ribeirão Preto - 08.03.2018


Ribeirão Preto recebeu durante os dias 8 e 9 de março o Encontro do Conselho Nacional de Diretores da Assemae – Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento. O encontro teve o objetivo de debater os desafios do setor de saneamento básico diante dos municípios. 

O presidente da Assemae, Aparecido Hojaij, destacou a importância de este encontro acontecer em Ribeirão Preto e falou da parceria com o Daerp, sobretudo, após a criação da Região Metropolitana de Ribeirão Preto. “O Daerp sempre foi um grande aliado da Assemae e construiu junto com a Associação uma história no saneamento básico que precisa ser respeitada e reconhecida”, afirmou. De acordo com ele, agora com a criação da Região Metropolitana a missão é ajudar ‘em tudo o que for possível’ nas discussões relacionadas ao saneamento básico. “Com o grande trabalho do Afonso, foi instituída a Câmara Técnica de Saneamento Básico da Região e, por isso, vamos unir as forças com todos os municípios que administram o seu saneamento”, disse. 

O superintendente, Afonso Reis Duarte, comemorou a volta do Daerp no conselho da Assemae e ressaltou os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos a fim de colocar a autarquia num patamar de credibilidade, respeito, com tarifas justas e um bom serviço prestado à população. “Ribeirão Preto teve atuações significativas na Assemae e, embora tenha ficado de fora nos últimos anos, nós retornamos em 2017 e queremos contribuir e fazer parte do debate nacional do saneamento básico”, disse. 

Alisson Diego é o representante de Itaúna no Conselho Diretor Nacional da Assemae como 1º Diretor de Assuntos Jurídicos. "É muito importante essa união dos serviços municipais de saneamento de todo o país para definir estratégias conjuntas de atuação, fazermos benchmarking e congregar ideias", ressaltou o Secretário de Planejamento e Governo de Itaúna.

Representantes de Minas Gerais presentes em Ribeirão Preto


Assemae 

A Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento – Assemae é uma organização não governamental, criada em 1984, com objetivo de congregar, representar e apoiar os municípios brasileiros responsáveis pela gestão dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e drenagem urbana. A entidade está sediada em Brasília e possui cerca de dois mil municípios associados, com 12 Seções Regionais.

sexta-feira, 2 de março de 2018

A idade da razão


Esse título não se refere ao homônimo livro de Sartre. É um mini texto de aniversário mesmo.

Desconfio de aniversários, efemérides momentosas, congratulações emotivas e coisas do tipo. Não costumo comemorar. Na verdade, nunca fiz uma festa de aniversário. Gosto mesmo do dia a dia, da construção cotidiana e do labor recorrente que nos faz quem somos.

Acredito, no entanto, na força dos anos que passam e nos moldam. E como passam voando esses anos, né? Cheguei aos 33 de maneira surpreendentemente rápida. Olho pra trás e não parece que se passaram três décadas mais três anos. Eis, pois, a célebre idade de Cristo. Pra mim, a idade da razão e da libertação - quando se desvencilha das últimas amarras passionais.

Só os anos que passam são capazes de fazer com que você revisite sua vida, corrija suas posturas, livre-se das amarras da existência, dos mitos sociais, das paixões ludibriantes, das pessoas pesadas, das ignorâncias a nós impostas, dos encaixotamentos conceituais a que somos submetidos, dos aprisionamentos ideológicos e dos pesos todos desnecessários e tão comuns durante a existência.

Os anos, se bem vividos e refletidos, são cinzéis a nos burilar enquanto seres humanos. Espero permanentemente melhorar como pessoa, aprender sempre, viver solidariamente, vencendo o egoísmo, a intolerância e a inveja e semeando ao máximo o amor, a racionalidade, o equilíbrio e a esperança.

Na idade da razão, é preciso evocar Sócrates e afirmar que uma vida afastada da reflexão não vale muito a pena ser vivida. A reflexão constante aliada ao amor ao próximo constituem a própria vida.

Foto: acervo @dialogosgerais fevereiro de 2018.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Governo de Minas Gerais tem 45 dias para quitar dívidas com as prefeituras

* Ascom Prefeitura de Itaúna


Prefeito Neider e secretário de Planejamento Alisson Diego vão à Cidade Administrativa cobrar providências para fim dos atrasos das transferências constitucionais, ao lado de outros quase 400 gestores municipais 

Os problemas vivenciados nas cidades de Minas Gerais devido aos atrasos dos repasses constitucionais pelo governo do Estado pautaram mais uma mobilização realizada pela Associação Mineira de Municípios – AMM. Na sexta-feira, 02 de fevereiro, cerca de 400 gestores municipais se reuniram no auditório da Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, para cobrar a regularização pelo Executivo estadual, mediante proposta para a quitação, com as prefeituras, da dívida, que alcançou a cifra de R$ 3,6 bilhões. 

O prefeito Neider Moreira participou do debate, que terminou com a fixação do prazo de 45 dias para a transferência de todos os recursos oriundos da arrecadação do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, os juros e correções do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, de 2017, os valores destinados ao transporte escolar e ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica - Fundeb. O movimento visa também fazer com que o Estado se comprometa a manter a regularidade dos pagamentos de 2018. 

“Todos sabem a dificuldade imposta aos municípios com os atrasos dos repasses. Isso gera um transtorno enorme no fluxo de caixa e reflete diretamente na vida do cidadão. Essa situação não pode persistir, é insustentável, pois, o Estado está transferindo aos gestores municipais, de forma ilegal, uma responsabilidade que é dele. Essa união de esforços é extremamente importante”, comentou Neider. 

De acordo com levantamento apresentado pela Secretaria de Finanças, o governo de Minas Gerais deve a Itaúna cerca de R$ 3,7 milhões do IPVA, o que corresponde a 62,05% da cota-parte da cidade no tributo. A situação é preocupante, uma vez que a maior “fatia” do imposto é depositada em janeiro. Também estão atrasadas as transferências do transporte escolar, Fundeb, entre recursos de outras fontes vinculadas. No caso da Saúde, por exemplo, os débitos ultrapassam R$ 6 mi. 

“São aproximadamente R$ 15 milhões, o que faz uma diferença enorme para a gestão, pois, prejudica os investimentos e o cumprimento dos compromissos. Esse movimento é mais um esforço que o municipalismo faz, no sentido de resolver a questão de forma definitiva, em busca de resultados concretos para o mineiro, para o cidadão que trabalha de sol a sol, todos os dias, e precisa dos serviços prestados pelo poder público”, ressaltou o chefe do Executivo de Itaúna, ao fim do encontro promovido pela AMM. 

O secretário de Governo e Planejamento, Alisson Diego Batista de Moraes, reforçou a importância de os prefeitos se unirem para cobrar providências em relação à inadimplência. 

“O Estado está atrasando hoje o básico. Como é possível manter as aplicações previstas no Orçamento? Itaúna está presente nessa mobilização. Neider veio para demonstrar exatamente isso. Querem forçar os gestores municipais a cumprirem o que é obrigação constitucional do governo de Minas Gerais. Algumas pessoas tentaram dizer que não há atrasos. Os números estão aí para mostrar o contrário. E é muito importante que a população saiba disso, pois, o cenário é um dos mais graves vivenciados na história. Itaúna está muito à frente de grande parte dos municípios, a administração tem conseguido manter a cidade nos trilhos, mas, enfrenta, obviamente, dificuldades, já que os recursos não chegam aos cofres da Prefeitura nos dias corretos”, comentou.

Mobilização 

Além de aproximadamente 400 prefeitos, o encontro promovido pela Associação Mineira de Municípios no auditório da Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, reuniu oito deputados estaduais e três federais, entre esses, Domingos Sávio. Ao falar sobre a situação, o parlamentar fez um desabafo. 

“É motivo de vergonha, de muita indignação. Estamos aqui, num espaço que é do povo mineiro, ao lado do gabinete do governador. Os gestores vieram cobrar o que é direito do cidadão. Não é favor, não é ajuda. O Executivo estadual está fazendo algo que nunca foi visto em toda a história da República. É uma apropriação indébita, significa que está pegando algo que é dos municípios e retendo, já que não devolve aquela parte que é prevista na Constituição. Existem problemas a serem resolvidos e os recursos são essenciais, como no caso do IPVA, constitucionalmente, 50% da arrecadação pertence às cidades. Os repasses têm que estar em dia, permanentemente”, frisou.

O chefe do Executivo da vizinha Carmo do Cajuru, Edson Vilela, engrossou o coro. “Falta respeito ao pacto federativo. E isso afeta as contas de qualquer Município, reflete na vida de todos, pois, a maior parte, 90% a 95% das prefeituras, não têm como contar somente com receita própria. O governo de Minas Gerais não transferiu quase nada do IPVA, existem atrasos significativos em relação a outros repasses, como do transporte escolar. Temos que lutar para que o Estado cumpra a parte dele”, afirmou. 

O prefeito de Curvelo, Maurílio Guimarães, também se manifestou. “O governo de Minas criou o apagão administrativo no estado e quer que os municípios fiquem nas mesmas condições. Precisamos ficar unidos para sensibilizar o governador a pagar o que deve, pois, a inadimplência gera impactos. O Executivo estadual está deixando muito a desejar. Há necessidade de equilíbrio e diálogo. Mas, ele não tem essa sensibilidade”, disse. 

Gestor de Turmalina, Carlinhos Barbosa, expôs a mesma opinião. Para ele, os atrasos dos repasses têm provocado prejuízos no Orçamento de praticamente todas as prefeituras, com perdas significativas para as diversas áreas. “Qualquer planejamento precisa estar dentro da meta. E muitos prefeitos programaram o pagamento de fornecedores e prestadores de serviços no início do ano, com a receita oriunda do IPVA. E a ausência desses repasses, além dos outros débitos já contabilizados, está causando muitos transtornos. Esses recursos são fundamentais e o cidadão mineiro acaba prejudicado”, reforçou.

Também presente, Ângelo Roncalli, que esteve à frente da Associação Mineira de Municípios – AMM, de 2011 a 2013, confirmou que nunca houve uma crise como a vivenciada hoje. “Os compromissos eram cumpridos e essa retenção de recursos hoje desestrutura as administrações. As demandas são cada vez maiores, as prefeituras complementam serviços que são de responsabilidade do Estado, por meio de convênios para o transporte escolar, combustível para viaturas das polícias Militar e Civil, por exemplo. No caso da merenda escolar, as prefeituras recebem R$ 0,36 por aluno, e tenho certeza de que o custo chega a pelo menos R$ 4. O que vemos hoje inviabiliza qualquer gestão”, salientou. 

Atual presidente da AMM, o prefeito de Moema, Julvan Lacerda, reafirmou que é preciso unir forças para que o governo de Minas Gerais cumpra os compromissos com as transferências constitucionais. “É um problema de todas as cidades. A AMM tem ingressado com ações coletivas e a mobilização dos gestores é essencial. O dinheiro está chegando aos cofres do Estado e os repasses não têm sido honrados, o que culminou no acúmulo de uma dívida estimada hoje em R$ 3,6 bilhões. Não precisaríamos nem discutir isso, pois, os recursos têm que ser depositados em dia, nas datas corretas. No entanto, chegamos a esse ponto e tivemos que estabelecer o prazo de 45 dias para que a situação seja regularizada. Caso contrário, tomaremos outras medidas, porque a população está prejudicada”, argumentou.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Itaúna é a quarta cidade de Minas Gerais na geração de emprego

Compartilhamos  matéria da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Itaúna sobre os bons resultados na geração de emprego e renda no município. 

Município se destaca e garante o primeiro lugar da região Centro-Oeste 
em relação à criação de oportunidades de trabalho 


Ascom  Prefeitura de Itaúna

Itaúna é a quarta cidade de Minas Gerais que mais criou oportunidades de trabalho em 2017. O Município só não teve o desempenho melhor que cidades de grande porte como Uberlândia (1º) e Patos de Minas (2º), e Comendador Gomes (3º), no Triângulo Mineiro. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego e foram divulgados no último relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged, esta semana.



Conforme o balanço oficial, entre janeiro e dezembro do ano passado, foram admitidos 1.009 trabalhadores no Município, todos com carteira assinada. A quantidade de vagas ocupadas foi destaque na região Centro-Oeste. Na mesorregião, Itaúna foi a que mais gerou emprego ficando à frente de Cláudio, com saldo de 552 contratações formais, e Divinópolis, em terceiro lugar, com 501 ocupações. Nova Serrana, que vinha mantendo a liderança no estado em relação à criação de postos, ficou em quarto, com 225.

Os bons indicadores também projetaram o Município nacionalmente. No ranking anual publicado pelo Governo Federal, Itaúna é a 52ª entre as 100 cidades que mais geraram empregos em 2017. Os números do Caged mostram que a Indústria de Transformação foi o setor que mais absorveu trabalhadores, com oferta de 919 vagas; seguida dos segmentos de Serviços, 74; Agropecuária, Extração Vegetal, Caça e Pesca, 30; Extrativa Mineral, 14; e Comércio, 13. A variação negativa ficou por conta da construção civil (-39) e Serviços Industriais de Utilidade Pública (-2).

Reflexos positivos 

O prefeito Neider Moreira comemorou os resultados obtidos pelo Município e destacou as articulações da atual administração, desde o início de 2017, com a proposta de fomentar a economia. Uma delas, a reativação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo.

“É extremamente importante que o Município tenha um setor absolutamente voltado à questão, para que as estratégias tenham continuidade. Os resultados começaram a aparecer. Está prevista a chegada de três novas empresas, ainda neste primeiro semestre, com a geração de aproximadamente 500 empregos diretos. O objetivo do governo é realizar um trabalho contínuo, com foco constante na abertura de oportunidades. As ações são desenvolvidas de forma segura, com o estreitamento das relações entre a Prefeitura e as entidades empresariais, conversando e sempre procurando criar o melhor ambiente possível para que Itaúna possa se desenvolver rapidamente”, comentou o chefe do Executivo.

Reforço das estratégias no Sine 

A agência do Sistema Nacional de Emprego – Sine, é responsável por auxiliar trabalhador e empregador no encaminhamento às oportunidades. Ao longo de 2017, a unidade local registrou aumento crescente no direcionamento de candidatos para as entrevistas de seleção realizadas pelas empresas. Foram mais de 1.500 encaminhamentos. Já nos setores de Emissão de Carteira de Trabalho, Intermediação de Mão de Obra e auxílio ao benefício do Seguro Desemprego, o Sine fez cerca de 14,5 mil atendimentos em Itaúna e realizou ações diversas, como cursos e captação de vagas, dentro do programa Busca Ativa de Emprego, executado em parceria com o governo de Minas Gerais.

O diretor da agência, Isaac Herculano, ressalta a importância do serviço. “Mantido com apoio da Prefeitura, a unidade é um suporte para o trabalhador. Na agência é possível requerer direitos e conseguir uma colocação no mercado, com todo o apoio profissional”, comenta. O horário de atendimento do Sine é das 07h às 16h, sem interrupção na hora do almoço. A agência fica na rua Péricles Gomide, 166, Centro. O telefone para mais informações é o 3241.3366.