domingo, 17 de dezembro de 2017

Alisson Diego concede entrevista ao Jornal Cidades

Compartilhamos a seguir entrevista concedida por Alisson Diego ao Jornal Cidades, sediado em Itaguara e com distribuição nas cidades adjacentes. A entrevista foi publicada na 47.ª edição do periódico em dezembro de 2017. 


“No Brasil, o novo já nasce velho. É preciso que o novo seja realmente novo. Precisamos de uma verdadeira renovação no Congresso Nacional” 

Alisson Diego. Foto: Ascom Granbel - maio de 2017.

Há quase um ano, Alisson Diego Batista Moraes encerrou o seu segundo mandato como prefeito de Itaguara (o terceiro mandato eletivo consecutivo). Deixou a prefeitura itaguarense com elevada aprovação (segundo pesquisa vista por este veículo de comunicação em fins de 2016).

Em janeiro deste ano, assumiu a direção geral do SAAE Itaúna, uma das maiores autarquias de saneamento básico do estado de Minas Gerais. Organizou as finanças da autarquia, retomou as obras da ETE Itaúna e implantou um modelo de gestão baseado na legalidade e eficiência.

Em julho, Diego se tornou “o homem forte do governo itaunense" (nas palavras de um cidadão de Itaúna) ao assumir a secretaria municipal de Planejamento e Governo, responsável pela articulação política e o planejamento municipal.

Diego nos recebeu no gabinete da Secretaria Municipal de Governo de Itaúna numa entrevista que foi realizada em dois encontros, um em meados de agosto e outro na última semana. Vamos à entrevista:

JC - Como está a gestão municipal de Itaúna? Como tem sido a experiência?

AD - Quero ressaltar desde o início que concedo esta entrevista em caráter pessoal e não como secretário de Governo. Pois bem, vamos à reposta: Itaúna, como a maioria das cidades médias do país, enfrenta uma crise econômica gravíssima, mas a atual gestão comandada pelo prefeito Neider tem conseguido sanear as contas públicas e está arrumando a casa. Houve muito trabalho em 2017 e haverá em 2018 muito também por semear. Em 2019 e 2020, o povo de Itaúna colherá bons frutos. Sobre a experiência, tem sido muito relevante e desafiador para a minha vida pública e também profissional comandar uma pasta tão importante como a SEGOV de Itaúna, uma cidade referência no estado de Minas Gerais e até nacionalmente em políticas urbanas (Itaúna ganhou recentemente uma premiação nacional como a 11ª cidade mais inteligente do país e a 2ª do interior de MG, de acordo com a Connected Smart Cities, da Urban System).

JC - Como você avalia a política nacional atualmente e o Governo Temer?

AD - A política de maneira geral está totalmente desacreditada. Vivemos tempos sombrios. Mas vejo algo importante também: estamos desnudando a forma como se faz política no país em décadas. A podridão foi colocada para fora para conhecimento de todos. Isso é importante. Mas se não houver uma profunda reforma política no Brasil, não melhoraremos a representação no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas. Sobre o governo federal, ele é ilegítimo para patrocinar essas reformas. Não há dúvida de que precisamos de reformas no estado brasileiro, mas não protagonizadas por um governo que não foi eleito para esta finalidade. Um governo que usurpou o poder, fruto de um golpe.

JC - O que deve ser modificado no sistema eleitoral em sua opinião?

AD - Particularmente, não acredito no sistema presidencialista brasileiro. O dito "presidencialismo de coalizão" ruiu. Precisamos repensar todo o sistema. Vou dar algumas propostas concretas: adotar sistema distrital misto (os eleitores teriam dois votos legislativos: um para candidatos no distrito e outro para os partidos - deveríamos ter um distrito de nossa região e votar em um deputado federal e estadual daqui, cobrando ações efetivas), o financiamento público de campanha, o fim das coligações, a cláusula de barreira limitando o número de partidos políticos, preservando os partidos ideológicos, como o PV e o PSOL, pro exemplo. Isso já melhoraria muito o sistema.

JC - Você venceu a sua primeira eleição há 13 anos. Você mudou muito desde então?

AD - Ah sim, seguramente. O tempo me fez mais temperante, equilibrado, aguçou a minha visão de mundo e da política e, claro, trouxe-me mais conhecimento. Algumas pessoas reclamam do tempo e desejam ser eternamente jovens. Estou cada vez mais convicto de que os anos melhoram muito o ser humano. Todavia, posso dizer também que a essência de minha motivação a ingressar na política não mudou: vislumbrar a política como instrumento para melhorar a sociedade, tornando-a mais justa, ética e fraterna.

JC - Você será candidato a deputado na eleição de 2018?

AD - O Brasil vive, inegavelmente, um momento novo. É preciso aproveitar este momento de grave crise para que o país mude, amplie horizontes, qualifique a democracia e renove a política nacional. Tenho conversado muito com lideranças partidárias e também de várias regiões de Minas Gerais. Não tenho nenhuma ambição pessoal em ser deputado; mas, dentro de um projeto maior, em prol de uma renovação qualitativa na política, tenho participado de vários debates neste sentido. Ressalto que não possuo qualquer decisão  tomada, tampouco sou movido por qualquer sentimento de vaidade.

JC - Como você avalia a atual administração municipal de Itaguara?

AD - O primeiro ano de mandato costuma ser de ajuste e ambientação, principalmente, diante do atual cenário complexo que vive o país. Lembro que, no meu primeiro ano como prefeito, em 2009, fizemos muitas coisas, dentre elas sete novas pontes, o desassoreamento do Ribeirão Conquista, algumas contenções importantes como a do Bairro Lindorifo, iniciamos a renovação da frota com aquisição de vários veículos (inclusive uma nova van para os pacientes de hemodiálise) já naquele ano, dentre outras ações estruturantes. Mas isso é raro. Nas gestões municipais, fato é que, o primeiro ano de mandato, via de regra, é muito difícil. Quero dizer que estou na torcida por Itaguara e sempre disposto a ajudar ao município quando solicitado. Este é o meu papel como cidadão itaguarense comprometido com o município. Não é porque não tenho mais mandatos que não tenho compromisso com a cidade, pelo contrário, estou sempre à disposição de Itaguara e dos itaguarenses.

JC - Você ficou com alguma mágoa do PT ou algum membro do partido?

AD - De forma alguma. Tenho fraternos amigos no partido. Visões distintas da política, da economia, do desenvolvimento, dentre outras não podem ser vistas como adversidades pessoais. Principalmente em Itaguara onde quase todos os membros do partido são meus amigos pessoais e continuarão sendo, Ademais, no município convergimos muito mais do que divergimos.

JC - É possível mudar a política ou o Brasil é um país condenado à corrupção?

AD - Óbvio que há esperanças. Está nas mãos do povo. Gandhi já dizia: “seja a mudança que você quer ver no mundo”. Precisamos dizer que a nossa representação política é o reflexo do nosso povo. O Congresso não é composto por alienígenas, mas por brasileiros, votados por brasileiros. Por isso, não basta mudar políticos, precisamos mudar todos de postura e construir uma nova concepção de cidadania, com bases éticas, pensando no futuro e na sustentabilidade. Muita gente no ano que vem pregará renovação, mas enganará o povo. Que renovação? São políticos falsamente novos. No Brasil, o novo já nasce velho. O congresso, em sua maioria, tem a mesma cara há décadas ou até séculos. É preciso que o novo seja realmente novo. Precisamos de uma verdadeira renovação no Congresso. Percebo que, mesmo nos municípios, base da federação, a maioria ingressa na política sem nem saber o porquê. Há os que são políticos por dinheiro, outros por poder, outros para ajudar sua empresa ou defender o seu ramo de atuação (interesses corporativos), outros ainda por vaidade, orgulho, dentre outros motivos, digamos, pouco nobres. É muito triste isso, mas a verdade é que são pouquíssimas as pessoas que ingressam na política por vocação, para realmente fazer um trabalho para a comunidade, trabalhar pelo coletivo, com sinceridade, a fim de melhorar efetivamente a vida da população, oferecendo oportunidades para todos. Raros os que pensam a política como ferramenta de emancipação social, humana, moral e cultural do povo. Mas ressalto que o filtro é o voto. É o povo que decide quem sai ou quem entra ou fica. Insisto: é preciso ser a mudança que queremos no mundo, é preciso que o povo se inspire em Gandhi.

JC - Deixe uma mensagem final para os nossos leitores.

AD - Quero agradecer a oportunidade dessa entrevista e me colocar à disposição de todos os itaguarenses e todas as pessoas de nossa região; digo isso sem quaisquer inspirações eleitorais. Aproveito, ainda, que está chegando a época natalina para desejar um natal de muita paz, amor e solidariedade a todas as famílias e um 2018 de muitas conquistas. Que o exemplo de Jesus Cristo nos seja inspiração.

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