sexta-feira, 22 de maio de 2009

Centro de Artesanato Nica Vilela Recebe Delegação do Ministério do Desenvolvimento Agrário

Abaixo notícia veiculada no site da Emater-MG.

"Organização de artesãs de Minas Gerais é exemplo para outros Estados

Cartão postal de Itaguara, na região Central de Minas Gerais, a tradição do artesanato em tear manual está servindo agora de exemplo para produtoras rurais de outras regiões e até de outros Estados. Nesta sexta-feira (22 de maio), cerca de 40 mulheres atendidas pelo Projeto Organização Produtiva de Mulheres Rurais, do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), visitaram nesta sexta (22), o Centro de Artesanato Nica Vilela, em Itaguara. De Minas, houve representantes do Vale do Mucuri, Vale do Rio Doce, Vale do Jequitinhonha e Alto Jequitinhonha. E o grupo contou também com participantes do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. São quilombolas, pescadoras e integrantes de movimentos solidários e sociais interessadas em melhorar a renda das famílias com o artesanato.

Além de ser uma alternativa de emprego e renda, a atividade de tecelagem em Itaguara chama a atenção pela criatividade na administração do grupo de artesãs. Um exemplo é a compra conjunta de material (linhas) para a fabricação das peças e o sistema de pagamento - em vez de dinheiro, elas usam o resultado do próprio trabalho.

O Centro de Artesanato Nica Vilela foi criado em 1990 em Itaguara e se tornou uma atividade geradora de renda e emprego para muitas mulheres das áreas rurais. Para valorizar o trabalho dessas mulheres, foi criada a Associação dos Artesãos e Produtores Caseiros de Itaguara e Região, uma parceria entre a Secretaria de Trabalho, a Igreja Católica do município e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).
A extensionista Vera Lúcia Gangá comenta que além de ser uma fonte de renda para essas mulheres, o artesanato no município permitiu a permanência das famílias no campo e evitou a mudança dos produtores rurais para os centros urbanos em busca de novas atividades. 161 mulheres, de Cláudio, Piracema, Carmo do Cajuru, Itatiaiuçu, Crucilândia e Itaúna, trabalham com a tecelagem no Centro. Com a técnica do tear, elas produzem diversos itens decorativos e utilitários, como forros para mesa, tapetes e colchas.

Segundo a artesã Laura Pereira da Silva, a vantagem de tecer no Centro é que os custos com a matéria prima fica mais barato. Laura explica que antes era preciso vender o tecido para comprar a linha, para então produzir mais. Com a orientação da Emater, o tecido passou a ser trocado pela linha. A extensionista Vera Gangá explica que o tecido produzido pela artesã é colocado à venda no próprio Centro e, quando vendido, vai novamente para o banco de linha para repor o estoque.

Percebemos que a maior dificuldade era a aquisição da matéria-prima, então foi criado um banco solidário de linha que permite que as artesãs tenham uma cota mensal para tecer. O pagamento é realizado com os produtos tecidos no mês seguinte ao do recebimento da linha”, explica. A Associação possui uma central de compras, onde são adquiridas a matéria-prima diretamente do fabricante com redução de custo de produção de até 30%.

Já a artesã Rosa de Oliveira diz que a tecelagem se tornou uma opção de atividade para as mulheres rurais. “Na roça quase não tem emprego e o Centro foi muito bom porque passou a ser uma opção”, comenta. Rosa tem uma renda mensal de aproximadamente R$250 com o artesanato. Ela afirma que a compra coletiva da linha facilita a aquisição do material. “Antes eu carregava 8kg de linha nas costas até minha casa para poder tecer, agora não preciso mais fazer isso porque a linha vai direto para o Centro”, comenta.

O artesanato é o cartão postal de Itaguara. Além de dar visibilidade ao município, promove a valorização da cultura local e estimula o turismo. Vera conta que no século passado muitos agricultores cultivavam o algodão e criavam carneiros para produzir lã para o consumo próprio. Com o passar do tempo, algumas artesãs perceberam a possibilidade de vender as peças produzidas e passaram a comercializar os tecidos. Os teares do município são tradicionais, mineiros com quatro pedais, e o ofício é passado de geração em geração.

Segundo a artesã Rosa de Oliveira, a filha Vanessa de Oliveira, de 16 anos, também trabalha nos teares. “Ensinei tudo o que eu sei para minha filha e hoje ela está muito animada com o artesanato” diz".

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